Atenção: SPOILERS
Após assistir, em 2001 e 2004, os filmes do Homem-Aranha (o Super-herói que mais gosto), com aquela qualidade impecável aliada a um ótimo roteiro e bons atores, como poderia ser diferente o fato de eu estar esperando algo incrível, fenomenal, e por que não, espetacular?
Com todo marketing que o filme teve, lá estava eu, a poucas horas do início, aguardando ansiosamente o tão querido
Homem-Aranha 3.
Acho que esta espectativa enorme que eu possuía acabou fazendo com que, após o filme, eu o considerasse não muito bom, com algumas falhas, etc. Mais tarde, pensando melhor, pude escrever esta crítica, sabendo que o filme é ótimo, grandioso, um dos melhores que já vi, e seguramente, anos-luz de qualquer outro filme de super-heróis feitos até hoje. O que fez mudar minha opinião? simples: eu estava comparando este filme com seus antecessores, que são extraordinários. Homem-Aranha 3 é apenas um pouco inferior a estes, mas ainda assim, excelente.
Neste filme, temos Peter Parker feliz, satisfeito com tudo, pois ele está namorando a garota dos seus sonhos, a cidade o ama (tem até um Spider-Man day) e tudo mais. Quem acompanha os quadrinhos do herói sabe que isso logo acaba...
Com toda essa situação, o que nós, simples pessoas normais, fazemos? Acabamos ficando mais confiantes, sossegados, acomodados, e também mais arrogantes, menos humildes. Um dos pontos altos do filme já pode ser visto aqui: mesmo sendo um super-herói, Peter é, acima de tudo, um ser humano com nossas imperfeições características. Os filmes anteriores também mostravam isso, mas neste aqui, a situação é aprofundada.
O surgimento da notícia de que o verdadeiro assassino do tio Ben está a solta deixa Peter nervoso, ancioso em prender o tal homem, que neste momento, está fugindo da polícia. Na fuga, ele passa em sua casa, onde visita sua filinha doente, e descobrimos ai a razão que o fez cometer o crime: sua filha é doente, e sem dinheiro para comprar remédios e para tratamentos, a única coisa que um pai desesperado nesta situação pode fazer foi roubar. Tocante.
Todos os vilões dos filmes do Aranha não são realmente maus, apenas foram levados até estas situações por fatores externos, como azar, falta de dinheiro, medo de perder o que possuem...e este é uma qualidade da trilogia, pois tais vilões acabam se tornando magníficos em cena, misturando tragédia pessoal, drama e, claro, seus planos para conquistarem o que querem. No caso de Flint Marko, que se torna o Homem-Areia, é apenas conseguir dinheiro para ajudar sua filha.
Peter Parker, cheio desse desejo de vingança, acaba extrapolando seus limites ao ser envolvido por um simbionte alienígena, que o torna mais violento, impetuoso, vingativo e arrogante.
Uma das coisas que me deixava com o pé atrás neste filme era o fato dele ter muitos vilões. Isso sempre acaba estragando um filme, como nós nerds bem sabemos. Porém aqui isso não ocorreu de modo prejudicial. Três vilões deixou, é verdade, pouco tempo para todos eles na tela, resultando em situações acontecendo de modo rápido para que tudo se encaixasse no roteiro, e que para mim, foi o defeito do filme, fazendo com que eu o considere inferior aos anteriores. Venon, grande mistério da produção e dono de uma legião de fãs mais novos, por exemplo, aparece bem pouco, mas está muito bem caracterizado, fiel aos quadrinhos. Eddie Brock, sua contra-parte, é bem diferente (fisicamente) dos gibis, mas a proposta do filme era mesmo a de mostra-lo como uma parte maligna de Peter, pos isso, esse fato não me desagradou.
Outro problema é o demasiado número de sub-tramas. Peter tendo um flerte por Gwen, Mary-Jane por Harry...são coisas que, se limadas do filme, daria mais espaço para as partes mais importantes. Peter parecendo emo também me desagradou. Tudo bem que a intenção era mostrar um lado mais sombrio do personagem, como os jovens que, por medo ou angustiados com o futuro, se vestem diferente, tomam atitudes estranhas para o restante da sociedade. Mas Peter ficou meio idiota daquele jeito, dando em cima de todas as garotas, tratando sua namorada mal...ele poderia fazer algumas dessas coisas em menor escala, sem precisar de um visual emo.
Os atores estavam ótimos também. O trio principal atua melhor do que nos filmes anteriores, principalmente James Franco (Harry Osborn), que consegue nos dar uma interpretação trágica de um indivíduo dividido entre vingança, ódio, e a grande amizade por Peter. Thomas Haden Church arrasa como o Homem-Areia, tornando-o um daqueles vilões envolventes, que o público compreende e sente pena. Ah sim, Peter Parker parecendo emo foi totalmente dispensável...um dos pontos negativos do filme, infelizmente...
Em termos de efeitos especias, sem comentários. Basta dizer que estão melhores do que nos dois filmes anteriores.
Na batalha final do filme, tudo fica mágico. Da cena do boletim jornalístico relatando que havia uma refém no alto de um prédio em construção cheio de teias negras, eu já estava sem piscar. Quando o Homem-Aranha vai ao local, encontra sua versão maligna e topa com a nova face do Homem-Areia ameaçando matar sua amada, ele os enfrenta com tudo o que tem. Mas a hora mais marcante do filme, que creio guardar na memória o resto da vida, é quando um aliado chega, no momento mais sombrio, e Peter, muito ferido diz "Você veio...", lágrimas brotaram em minha face. A partir dai, é apenas ação, combate e muita adrenalina.
Depois de tudo isso, ver dois melhores amigos se separando para sempre já é demais. Triste, épico e muito emocionante.
Apenas a cena final poderia ficar melhor. Mesmo com Peter e Mary-Jane ficando juntos, eu esperava algo mais marcante, mais romântico. Mas tudo bem, pois com o início dos créditos eu tive a certeza de ter visto a melhor trilogia de um super-herói no cinema, quase impossível de ser superada. Pode até vir um 4º, 5º filme, mas estes primeiros foram os que mostraram o que um herói de quadrinhos pode fazer, como pode emocionar, empolgar e atrair o interesse de milhões de pessoas. Mil vivas para Sam Raimi, que conseguiu dirigir três filmes deste porte, e nos brindou com algo que os fãs de quadrinhos sempre quiseram ver tantas vezes em suas vidas. E quem não lê quadrinhos também!
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